sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Feliz Natal e Buen Camino!

Neste Natal... aliás, sempre: presenteie livros!

Sabonete não é presente! Neste Natal, dê muito mais: dê livros e deseje "Buen Camino". Claro que sua vontade era dar um bilhete aéreo, com estadia, e uns euros para a gastronomia... Talvez isto não seja possível, em face à crise econômica... Tudo bem. Sugiro cinco livros de minha autoria: a trilogia “Pedras do Caminho” e a nova série “Descobrindo Novos Caminhos”, sobre os Caminhos de peregrinação cristã que cortam a Espanha tendo como meta Santiago de Compostela, onde estão as relíquias do Apóstolo de Jesus, Tiago Maior, Santiago!
Com certeza, qualquer um dos títulos proporcionará uma viagem e tanto...
Estudioso do Caminho de Santiago, realizei cinco peregrinações a Santiago de Compostela, percorrendo a pé algo em torno de 1.960 quilômetros. Esta é a trilogia “Pedras do Caminho”:
. “Meu Encontro no Caminho de Santiago”, sobre o Caminho Francês, desde Saint Jean Pied de Port, peregrinado em 2009, 800 km em 29 etapas (Editora Titan/2013);
. “Sentido do Perdão no Caminho de Santiago”, sobre o Caminho Português, desde Oporto, 240 km em 10 etapas, feito em 2010 (Titan/2014).
. “Busca sem fim no Caminho de Santiago”, sobre o Caminho Aragonês, de Somport a Puente la Reina, 180 km em sete etapas, realizado em 2012 (Titan/2015).
Inaugurei série de livros sobre outros Caminhos de Santiago com “Descobrindo novos Caminhos, as pedras do Caminho Sanabrês”, sobre o Caminho Sanabrês, desde Zamora (na Vía de la Plata), 420 km em 16 etapas, peregrinado em 2014 (Titan/2015), seguido de “Passos do Amor – A Peregrinação de Francisco, de Assis a Santiago de Compostela” (Titan/2015), lançado em 4 de outubro passado.
Para 2016, peregrinarei em junho o Caminho Inglês e lançar o livro que abordará a peregrinação feita em junho deste ano pelo Caminho Primitivo, de Oviedo a Santiago de Compostela, 320 km em 13 etapas.
Em Santos, os livros estão na Realejo (Gonzaga), Nobel (Boqueirão), Loylola (Embaré), Santuário Santo Antônio do Valongo (Centro Histórico); na capital paulista, na sede da ACACS-SP, a Associação dos Confrades e Amigos do Caminho de Santiago de Compostela; e para todo o Brasil, enfim, para o mundo... titan.com@uol.com.br
Feliz Natal e Buen Camino!
#pedrasdocaminho

sábado, 14 de novembro de 2015

Em busca de misericórdia!

“Passos do Amor” na Porta Santa da Catedral de Santiago de
Compostela, na Praza de La Quintana

Digerindo a tragédia...

Domingo, 13 de dezembro, o Arcebispado de Santiago de Compostela abrirá a Porta Santa da Catedral – para marcar o Jubileu da Misericórdia que começará, oficialmente, em 8 de dezembro, Dia da Imaculada Conceição. O Jubileu é o tema da bula “Misericordiae Vultus”, algo como “procurando misericórdia”, divulgada em 11 de abril pelo Papa Francisco, que em 2016 beneficiará com indulgência plenária os peregrinos a Santiago de Compostela, antecipando o Ano Santo Compostelano de 2021 – quando o Dia de Santiago, 25 de julho, coincidirá com domingo.

Bula “Misericordiae Vultus” foi revelada aos cardeais em 11 de abril, no Vaticano

A bem da verdade, não haverá a necessidade de o católico peregrinar a Santiago de Compostela para obter o perdão dos seus pecados, pois em 2016 esta graça será concedida em muitos outros lugares do mundo, como visitando a Catedral da Almudena, em Madri, ou o Santuário da Imaculada Conceição, em Lourdes. Ou ainda, indo à Catedral de Santos dedicada a Nossa Senhora do Rosário, conforme divulgado oficialmente pela Diocese de Santos, no litoral de São Paulo; ou também ao Santuário Santo Antônio do Valongo, cuja Porta Santa será aberta no domingo 13 de dezembro, às 8 horas, segundo anunciou o reitor, frei André Becker.
Leia o que determinou o Papa:
“Há momentos em que somos chamados, de maneira ainda mais intensa, a fixar o olhar na misericórdia, para nos tornarmos nós mesmos sinal eficaz do agir do Pai. Foi por isso que proclamei um Jubileu Extraordinário da Misericórdia como tempo favorável para a Igreja, a fim de se tornar mais forte e eficaz o testemunho dos crentes”, diz Francisco na apresentação da bula “Misericordiae Vultus”.
No caso de Santiago de Compostela, não deverá ser a primeira vez que a Porta Santa da Catedral, com acesso pela Praza de La Quintana, será aberta fora de ano jacobeo. Segundo apurei no portal Xacopedia, há informações sobre outros 60 jubileus extraordinários, determinados por motivos diversos, como início de um pontificado, aniversários importantes da Igreja, fim de alguma guerra etc. O primeiro foi convocado pelo Papa Sisto V em 1585 e os dois anteriores ao do Papa Francisco o foram pelo Papa João Paulo II. Efetivamente, não consegui apurar se em todos esses 60 jubileus a Porta Santa permaneceu aberta. Pela lógica, creio que sim!
Numa tremenda coincidência... não, absolutamente, coincidência não é a melhor palavra para definir o que acontece..., mas enfim, rolando de alegria... no mesmo dia em que fui alertado por minha irmã santiaguense Carmen Vásquez Nolasco para a bula de Francisco – o que, deste vez, significará que a Porta Santa da Catedral estará aberta em junho do ano que vem, quando lá estarei com minha Sandra ao final de nossa peregrinação pelo Caminho Inglês... –, recebi fotos do frei Enrique Roberto Lista García (que conheci junto com Sandra em 2014 na Igreja de São Francisco de Santiago de Compostela, ao final de nossa viagem desde Assis, perseguindo os passos de Francisco...). Em 36 imagens, que também postou no Facebook, frei Enrique mostra seu exemplar de “Passos do Amor” em lugares emblemáticos da Cidade Santa. E um desses lugares é exatamente em frente à Porta Santa da Catedral!
Ao agradecer tamanho carinho e consideração, comentei com frei Enrique a abertura da Porta Santa da Catedral de Santiago em 2016, ao qual me respondeu alertando para a dimensão mundial do ato do papa: “Francisco pide que haxa en cada Diocese un lugar que teña a Porta da Misericordia como símbolo e expresión do perdón”.
Sim, em Santos teremos de ter esta expressão, não só na Catedral como também no Santuário Santo Antônio do Valongo. Afinal, confira o que o papa determinou em “Misericordiae Vultus”, logo após informar que, após o início do Jubileu, no domingo seguinte (13), abrir-se-á a Porta Santa da Catedral de Roma, a Basílica de São João de Latrão – a mesma data que deverá ser adotada em Santiago de Compostela:
“Sucessivamente serão abertas as Portas Santas em outras Basílicas Papais. Para o mesmo domingo estabeleço que em cada Igreja local, na Catedral que é a Igreja-Mãe para todos os fiéis, ou na Concatedral (igreja com esta categoria) ou em uma igreja de significado especial se abra durante todo o Ano Santo uma idêntica Porta da Misericórdia”.
Francisco acrescenta: “Ao juízo comum, ela poderá ser aberta também nos Santuários, meta de tantos peregrinos que nestes lugares sagrados com frequência são tocados no coração pela graça e encontram o caminho da conversão. Cada Igreja local, então, estará diretamente comprometida a viver este Ano Santo como um momento extraordinário de graça e de renovação espiritual. O Jubileu, portanto, será celebrado em Roma assim como nas Igrejas locais como um sinal visível da comunhão de toda a Igreja”.
Sim, a busca é sem fim!
#pedrasdocaminho

Fila para entrar pela Porta Santa da Catedral de Santiago de Compostela, em 2010, Ano Jacobeo,
após peregrinar o Caminho Português: leia o segundo volume da trilogia Pedras do Caminho,
“Sentido do Perdão no Caminho de Santiago”

Em junho passado, ao final de minha peregrinação pelo Caminho Primitivo:
Porta Santa da Catedral fechada...

Foto de 2013, ao final de minha peregrinação pelo Caminho Sanabrês, o detalhe no
alto da Porta Santa: Santiago ladeado pelos discípulos Atanásio e Teodoro

 “Passos do Amor” no mausoléu de Cotolay, no Convento de São Francisco:
carvoeiro recepcionou o "poverello" em sua peregrinação à Santiago de Compostela e
fundou o convento franciscano na Cidade Santa

 “Passos do Amor” na Praza do Obradoiro, marco de 23/10/1987, do Conselho de
Europa, que declarou o Caminho de Santiago “Itinerário Cultural Europeu”

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Santos recepciona Relíquia de São Francisco!

A Ordem Franciscana Secular (OFS) Valongo divulgou a programação de visita à Relíquia e Imagem Peregrina de São Francisco de Assis, que acontecerá de terça-feira (10) a quinta-feira (12) no Santuário Santo Antônio do Valongo, no Largo Marquês de Monte Alegre, 13, no Centro Histórico de Santos.
“A Relíquia é um fragmento de osso de São Francisco, o santo da Paz e do Bem”, informa a OFS: “Queremos reacender a chama da nossa missão evangelizadora em momentos fortes de oração e de reflexão para que o mesmo espírito que inspirou Francisco nos converta em agentes de transformação”.
PROGRAMA
10/11/2015 (terça-feira)
15h00 – Missa celebrada pelo reitor do Santuário, frei André Becker, para recepção da Relíquia e abertura do Ano Jubilar dos 375 anos da Fraternidade “OFS Valongo”.
•16h00 – Exposição da Relíquia.
•17h00 – Oração Franciscana.
•19h00 – Missa na Paróquia Nossa Senhora da Assunção, no Largo São Bento, s/nº, no Morro São Bento.
11/11/2015 (quarta-feira)
•09h00 – Exposição da Relíquia.
•10h30 – Oração Franciscana.
•12h00 – Missa celebrada pelo bispo diocesano de Santos, Dom Tarcísio Scaramussa.
•14h00 – Oração Franciscana.
•15h00 – Cine Sacristia, com exibição do filme “Irmão Sol, Irmã Lua” (121 min.).
•18h30 – Oração do Terço.
•19h30 – Missa de Louvor, celebrada pelo frei Rozântimo Costa.
12/11/2015 (quinta-feira)
•09h00 – Exposição da Relíquia.
•10h30 – Oração Franciscana.
•12h00 – Missa.
•14h00 – Oração Franciscana.
•15h00 – Cine Sacristia – Exibição do documentário “Home – Nosso Planeta, Nossa Casa” (90 min.).
•18h30 – Celebração Ecumênica, com encenação da vida de São Francisco de Assis, "O Pobre de Deus", dirigida por Alexandre Camilo.
•20h00 – Mesa-Redonda “São Francisco Peregrino”, com a participação de Luiz Carlos Ferraz (“Peregrinação de São Francisco a Santiago de Compostela”), Fernando Gregório (“Relíquia: história e contexto”) e frei Hipólito Martendal (“São Francisco: Laudato Si’”).
•21h30 – Café fraterno no claustro da OFS.

sábado, 24 de outubro de 2015

“Passos do Amor” hoje e amanhã na TV

Entrevista a Flavio Righi: https://vimeo.com/143409389

Na TV Com (Canal 11 NET) hoje (24), às 21 horas – com reprise amanhã, às 9h45 –, e na Santa Cecília TV (Canal 13 NET), amanhã, às 12 horas, “Passos do Amor – A Peregrinação de Francisco, de Assis a Santiago de Compostela” está no programa “Em Foco / Jornal da Orla”, apresentando pelo amigo jornalista Flavio Righi. Ainda na Santa Cecília TV haverá reprises na segunda-feira, às 22 horas, e na sexta-feira, às 18 horas.
Se perder, tudo bem: veja no link https://vimeo.com/143409389

#pedrasdocaminho

Tradução livre da homilia...

Tradução livre da homilia pronunciada pelo frei Michael Perry, Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores (OFM) – leia o original no post abaixo... –, em 19 de outubro passado, na missa de abertura da Assembleia Geral da UFME (Union de Frailes Menores de Europa), em Dubrovnik, na Croácia, encerrada hoje.

Caros irmãos, O Senhor lhes dê a paz!

"Então disse: ‘Já sei o que vou fazer. Vou derrubar os meus celeiros e construir outros maiores, e ali guardarei toda a minha safra e todos os meus bens.
E direi a mim mesmo: Você tem grande quantidade de bens, armazenados para muitos anos. Descanse, coma, beba e alegre-se’.” (Lc 12,18-19).

Talvez ninguém tenha notado que o homem da parábola é completamente sozinho. Não há ninguém em volta, ninguém com quem possa compartilhar os seus pensamentos, suas dificuldades, suas esperanças e sonhos. Não há nem mesmo alguém com quem compartilhar a riqueza material que ele tem acumulado ao longo do tempo, ninguém que possa preencher de carinho e bondade. "E direi a mim mesmo...". Na era dos selfie este homem é um verdadeiro campeão!
Qual é a mensagem desta parábola? Quais valores quer nos oferecer, discípulos do Senhor ressuscitado? O que quer dizer a nós, Frades Menores, aqui reunidos para o encontro das Conferências Europeias da UFME? Quais desafios põe diante de nós e diante dos irmãos dessas regiões da Europa e de toda a Fraternidade universal?
Durante o Capítulo Geral temos centrado nossa atenção sobre as diversas formas de crise que, como Fraternidade evangélica universal, estamos atravessando. Temos dedicado muito tempo e energia para analisar a crise econômica da Cúria geral, do seu declínio, do envelhecimento e do abandono da Ordem. Entre todas estas formas de crises examinadas surgiram três muito precisas e profundas, que se revelam como verdadeiras ameaças à nossa identidade espiritual, fraterna e missionária.
A primeira é a crise de identidade, que surge da parábola do rico proprietário de terras. Se o único ponto de referência nas áreas de nossa vida que realmente importa é nós mesmos, nossos próprios projetos pessoais e o desenvolvimento de estratégias para alcançar estes projetos individuais, então seremos franciscanos que só falam de si mesmos. Vamos nos agarrar ao braço do rico proprietário de terras, que, em seu ato egoísta de se tornar um campeão de selfie, empurra Deus em direção à margem e se põe ao centro.
Podemos traduzir a crise de identidade em uma crise de fé. O homem descrito na parábola não acredita que Deus é o centro de sua vida; não acredita que Deus está por trás da abundância de suas colheitas e de todos os bens que acumula; já não acredita em Deus. É o único para o qual vão todos os elogios e agradecimentos. No coração deste homem há um silêncio ensurdecedor: o silêncio que flui de uma vida sem espírito de gratidão, sem humildade e sem amor.
SEGUNDA: Quando nós colocamos no centro da nossa vida e nosso trabalho, participamos de maneira efetiva na fabricação de ídolos, perante os quais temos de prostrar-se para adoração, e para os quais precisamos construir celeiros maiores, onde podemos guardá-los. Na era da Internet, da gratificação instantânea e do individualismo desenfreado há esta ameaça cada vez maior: construir, por parte de nossas Províncias e Custódias, celeiros virtuais ou de outra forma para os quais nos retirarmos mentalmente, psicologicamente e emocionalmente. Consequentemente, existe o perigo de sacrificar a preciosidade da vida com e para os irmãos e os demais, substituindo-a por uma vida de solidão. Como surgiu durante o Capítulo Geral, os irmãos que se deixam seduzir por essas falsas promessas e ilusões acabam por "divorciar-se” de toda relação humana, como o homem da parábola.
Papa Francisco nos recorda, a este respeito: "Quando a vida interior se enclausura nos próprios interesses, não há espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se escuta a voz de Deus, já não se goza a doce alegria do seu amor, já não palpita o entusiasmo por fazer o bem". (Evangelii Gaudium, par. 2).
Quantos de nossos irmãos já estão vivendo uma vida onde não se ouve a voz de Deus, já não se desfruta a doce alegria de seu amor, não palpita o entusiasmo de fazer o bem? Quantos de de nossos irmãos já estão divorciados emocionalmente, psicologicamente, espiritualmente e efetivamente dos irmãos da própria fraternidade, da Província e da Ordem?
E, pior ainda, somos capazes de diagnosticar esses sintomas que levam à morte e tomar medidas concretas para enfrentá-los?
O terceiro tipo de crise é a crescente distância entre nós, os Frades Menores, e a vida de nossos irmãos e irmãs que estão em condição de pobreza material, social e de qualquer outro tipo. Nossos "celeiros", o estilo de vida e as estruturas mentais que construímos para nos proteger de ameaças externas refletem a falsa sensação de segurança por trás da qual tentamos nos esconder. "Minha alma, tens bens armazenados para muitos anos; descansa, come, bebe, festeja alegremente" (Lc 12,19).
E assim, gradualmente perdemos a capacidade de experimentar a autêntica conversão. Perdemos a capacidade de crescer em compaixão, de entrar na dor e no desespero, nas alegrias e nas esperanças daqueles que nos rodeiam, especialmente daqueles que estão mais necessitados de amor e reconhecimento. Sem nos darmos conta que, ao final, escolhemos o caminho que leva à morte e não à vida.

Buscamos consolo no sentido de auto-sacrifício; procuramos proteção frente aos riscos que tem que ser corrido pelo bem do Reino de Deus e de seu povo. Para isso, Jesus responde: "Tolo! Esta noite te pedirão a tua alma; e de quem será o que tens preparado? Assim é o que guarda como tesouro para si, e não é rico para com Deus". (Lc 12, 20-21).

Queridos irmãos, somos chamados a ser missionários da misericórdia e portadores da alegria do Evangelho. Somos chamados a viver e compartilhar com todos o dom do encontro, pessoalmente e como irmãos, o Deus de amor e de misericórdia, “que dá um novo horizonte à vida e, com ele, um rumo decisivo" (EG 7).

Se colocarmos Deus no centro, descobriremos que podemos nos tornar plenamente humanos e vivos. Deus, portanto, "pode ​​nos levar além de nós mesmos para alcançar o nosso ser mais verdadeiro" (EG 8).

Quando isso acontece, descobrimos a renovada capacidade de perdoar uns aos outros, nos encontramos com a disponibilidade de trabalhar juntos pelo Reino de Deus, reacendendo o desejo de ir às periferias do mundo, com humildade e simplicidade, de modo a descobrir o que é mais querido a Deus, que dá a vida e que inspira valor e esperança.

Lucas na Assembleia Geral da UFME

Assembleia Geral da Union de Frailes Menores de Europa

“Na era dos selfie este homem é um verdadeiro campeão!”
Esta é a mais recente singela interpretação de Lucas 12,18-19:

"Então disse: ‘Já sei o que vou fazer. Vou derrubar os meus celeiros e construir outros maiores, e ali guardarei toda a minha safra e todos os meus bens.
E direi a mim mesmo: Você tem grande quantidade de bens, armazenados para muitos anos. Descanse, coma, beba e alegre-se’.”

Hoje (24) encerra a Assembleia Geral da UFME (Union de Frailes Menores de Europa), em Dubrovnik, na Croácia. Muito inspiradora a homilia pronunciada pelo frei Michael Perry, Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores (OFM), na missa de abertura do evento, no dia 19... Leia no original e inspire-se:

Queridos hermanos, ¡El Señor os dé su paz!

“Haré lo siguiente: derribaré los graneros y construiré otros más grandes, y almacenaré allí todo el trigo y mis bienes. Y entonces me diré a mí mismo: Alma mía, tienes bienes almacenados para muchos años; descansa, come, bebe, banquetea alegremente” (Lc 12,18-19).

Tal vez nadie se ha dado cuenta de que el hombre de la parábola está completamente solo. No hay nadie a su alrededor, nadie con quien pudiera compartir sus pensamientos, sus dificultades, sus esperanzas y sus sueños. Ni siquiera hay alguno con quien compartir la riqueza material que ha acumulado a través del tiempo, ninguno al que pueda llenar de afecto y bondad. “Y entonces me diré a mi mismo…”. ¡En la era de los selfie este hombre es un verdadero campeón!
¿Cuál es el mensaje de esta parábola? ¿Qué valores nos quiere ofrecer a nosotros, discípulos del Señor resucitado? ¿Qué nos quiere decir a nosotros, Hermanos Menores, reunidos aquí para el encuentro de las Conferencias Europeas, de la UFME? ¿Qué desafíos nos pone ante nosotros y ante los hermanos de estas regiones de Europa y a toda la Fraternidad universal?
Durante el Capítulo general hemos centrado nuestra atención sobre las diversas formas de crisis que como Fraternidad evangélica universal estamos atravesando. Le hemos dedicado mucho tiempo y energía a analizar la crisis económica de la Curia general, de la disminución, del envejecimiento y de los abandonos de la Orden. Entre todas estas formas de crisis examinadas han surgido tres muy precisas y profundas, que se revelan como verdaderas amenazas para nuestra identidad espiritual, fraterna y misionera.
La PRIMERA es la crisis de identidad, que surge de la parábola del rico terrateniente. Si el único punto de referencia en las áreas de nuestra vida que verdaderamente importa somos nosotros mismos, nuestros propios proyectos personales y el desarrollo de estrategias para lograr estos proyectos individuales, entonces vamos a ser franciscanos que unicamente hablan de sí mismos. Nos agarraremos del brazo del rico terrateniente, quien, en su acto egoísta de convertirse en un campión del selfie, empuja a Dios hacia la orilla y se pone en el centro.
Podemos traducir la crisis de identidad en una crisis de fe. El hombre descrito en la parábola no cree que Dios es el centro de su vida; no cree que Dios está detrás de la abundancia de sus cosechas y de todos los bienes que acumula; ya no cree en Dios, el único al que van todas las alabanza, elogios y agradecimientos. En el corazón de este hombre hay un silencio ensordecedor: el silencio que fluye de una vida sin espíritu de gratitud, sin humildad y sin amor.
SEGUNDO: cuando nos poneos en el centro de nuestra vida y nuestro trabajo, participamos de manera efectiva en la fabricación de ídolos, ante los cuales hay que postrarse en adoración, y para los cuales necesitamos construir graneros más grandes, en donde podamos custodiarlos. En la era del Internet, de la gratificación instantánea y del individualismo desenfrenado hay esta amenaza cada vez mayor: construir, por parte de nuestras Provincias y Custodias, graneros virtuales o de otro tipo en los cuales retirarse mentalmente, psicológicamente y afectivamente. En consecuencia, existe el peligro de sacrificar la preciosidad de la vida con y para los hermanos y los demás, sustituyéndola con una vida de soledad. Como surgió durante el Capítulo general, los hermanos que se dejan seducir por estas falsas promesas e ilusiones terminan por “divorciarse” de toda relación humana, al igual que el hombre de la parábola.
El Papa Francisco nos recuerda, a este respecto: «Cuando la vida interior se clausura en los propios intereses, ya no hay espacio para los demás, ya no entran los pobres, ya no se escucha la voz de Dios, ya no se goza la dulce alegría de su amor, ya no palpita el entusiasmo por hacer el bien». (Evangelii gaudium, par. 2).
¿Cuántos de nuestros hermanos ya están viviendo una vida en la que no se oye la voz de Dios, ya no se disfruta la duce alegría de su amor, no palpita el entusiasmo de hacer el bien? ¿Cuántos de nuestros hermanos ya se han divorciado emocionalmente, psicológicamente, espiritualmente y efectivamente de los hermanos de la propia fraternidad, de la Provincia y de la Orden?
Y, peor aún, ¿somos capaces de diagnosticar estos síntomas que conducen a la muerte y adoptar medidas concretas para hacerles frente?
El TERCER tipo de crisis es la distancia creciente entre nosotros los Hermanos Menores y la vida de nuestros hermanos y hermanas que se encuentran en condiciones de pobreza material, social y de cualquier otro tipo. Nuestros “graneros”, el estilo de vida y las estructuras mentales que construimos para protegernos de las amenazas externas reflejan el falso sentido de seguridad detrás del cual tratamos de ocultarnos. «Alma mía, tienes bienes almacenados para muchos años; descansa, come, bebe, banquetea alegremente» (Lc 12,19).
Y, de esta manera, poco a poco perdemos la capacidad de vivir la auténtica conversión. Perdemos la capacidad de crecer en la compasión, de entrar en el dolor y la desesperación, en las alegrías y en las esperanzas de quienes nos rodean, especialmente de los que están más necesitados de amor y de reconocimiento. Sin darnos cuenta, que al final elegimos el camino que conduce a la muerte y no a la vida.

Buscamos consuelo en el sentido de auto-sacrificio; buscamos protección frente a los riesgos que hay que correr por el bien del Reino de Dios y de su pueblo. A esto, Jesús responde: «¡Necio! Esta misma noche te van a reclamar el alma y, ¿de quién será lo que has preparado? Así es el que atesora para sí, y no es rico ante Dios» (Lc 12,20-21).

Queridos hermanos, estamos llamados a ser misioneros de la misericordia y portadores de la alegría del Evangelio. Estamos llamados a vivir y compartir con todos el don del encuentro, personalmente y como hermanos, el Dios de amor y de misericordia, «que da un nuevo horizonte a la vida y, con ello, una orientación decisiva»(EG 7).

Si ponemos a Dios en el centro, descubriremos que podemos llegar a ser plenamente humanos y vivos. Dios, por tanto, «nos puede llevar más allá de nosotros mismos para alcanzar nuestro ser más verdadero»(EG 8).
Cuando eso sucede, descubrimos la renovada capacidad de perdonarnos mutuamente, nos encontramos con la disponibilidad de trabajar juntos por el Reino de Dios, reavivando el deseo de ir a las periferias del mundo, en humildad y sencillez, de manera de poder descubrir lo que le es más querido a Dios, lo que da vida y lo que infunde valor y esperanza.

#pedrasdocaminho

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

“Vai Pra Onde?” em Santiago de Compostela

Encontro com Bruno na Oficina del Peregrino...

Ao final de minha peregrinação pelo Caminho Primitivo, em junho passado, na Oficina del Peregrino, em Santiago de Compostela, encontrei Bruno de Luca, de “Vai Pra Onde?”, do Canal Multishow. Da gravação descontraída – na fila para pegar minha Compostela e, depois, já com ela em mãos... –, foram editados alguns trechos levados ao ar na quarta-feira 7, no episódio 10 da 11ª temporada, na viagem de Bruno no trem de luxo El Cantábrico, pelo Norte da Espanha... Ri, chorei, me emocionei, às vezes me dá a impressão que estou saltitando... ao rever e recordar momentos de extrema emoção por concluir minha quinta peregrinação a Santiago de Compostela... Já houve reprise ontem e hoje. Confira outros horários alternativos para ver a reportagem completa, pois as imagens são fantásticas e a edição muito bem elaborada: amanhã, sábado (10), 6h30; e segunda-feira (12), 8 e 14h30. Buen Camino!
#pedrasdocaminho

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Como é bom estar entre irmãos...

Sob a proteção de São Francisco, comemorando com alegria o seu dia, no domingo, 4 de outubro, no fantástico Santuário Santo Antônio do Valongo (séc. XVII), no Centro Histórico de Santos, tive a enorme satisfação de rever e conhecer Irmãos, entre os quais, muitos peregrinos a Santiago de Compostela, no lançamento do livro "Passos do Amor – A Peregrinação de Francisco, de Assis a Santiago de Compostela".
As fotos abaixo também foram postadas no Face (www.facebook.com/cebolaferraz) e mostram grande parte daqueles que estiveram presentes – alguns, infelizmente, não puderam aguardar a dedicatória no livro ou o fotógrafo titubeou, como no encontro com o amigo José Abreu, o Zézinho...
Foi um dia magnífico – e a presença da Irmã Chuva serviu tão somente para que pudéssemos consolidar nossa convicção nos ensinamentos de Francisco de que devemos celebrar todas as criações e todas as criaturas do Todo Poderoso. Cada vez mais devemos estar conscientes de que não há que se privilegiar o melhor ou o pior, o mais bonito ou o mais feio, pois, ao final, tudo é criação divina.
E se houve algum Irmão que queria muito estar presente e até anunciou que iria mas não foi, talvez devido à Irmã Chuva..., convido-o também a refletir um pouco mais sobre Francisco... aproveitando para garantir que não choveu nas dependências do Santuário... e nossa querida Irmã foi providencial para equilibrar o clima devido ao magnífico calor proporcionado nesse encontro de criaturas do bem.
Reitero meu agradecimento a todos os religiosos e leigos que dão ânimo às atividades do Santuário, mas especialmente ao reitor, frei André Becker, que contagia com sua simplicidade e sabedoria, conduzindo os Irmãos sob os sublimes princípios da Ordem.
Ah! E para quem perdeu o lançamento e também para os que se inspiraram na ampla divulgação do evento – aproveitando para agradecer aos amigos dos meios de Comunicação! –, o livro pode ser adquirido na própria livraria do Santuário Santo Antônio do Valongo (com a verba carimbada por frei André para ajudar no projeto das Missões) – onde a exposição de fotos “Pedras do Caminho” permanece; na Realejo Livros, no Gonzaga; e na Livraria Loyola, no Embaré. Ou ainda pelo e-mail titan.com@uol.com.br
Paz e Bem + Buen Camino!
Veja as fotos em www.flickr.com/photos/lcferraz
#pedrasdocaminho

Benemérito Hélio Cesário Cardoso, diretor da Casa da Esperança de Santos

Casal amigo, Carmen Elídia Salci e Rosário Romano

Ao lado dos casais Nancy e Sérgio Cunha Martinez, Carolina e Plínio Bosquetti. Obrigado pela presença!

Com George Peel e esposa

Professor Ibrahim Tauil – espírito franciscano!

 Ana Maria Rodrigues Lima, do coral do Santuário...

Anita da Silva Campos, do coral do Santuário...

Alzira Peres, do coral do Santuário...

Marely Sanchez. Obrigado pelo efetivo apoio!

 Maria da Cruz Silva Lima e Josefa Barbosa Gois, do coral do Santuário

 Dimas Cabral, construtor amigo, e a Mamis Genny – família querida!

Vergília Aparecida Pedroso Rodrigues e marido Nilo Rodrigues

 Casal Irmão Acácio Marques e Alexandra Marques

 Otacílio Santos Filho e esposa

Com o casal amigo, Aciole Ferreira Júnior e Cláudia Cristina, meu padrinho Glauco de Lima Guedes, frei André Becker, reitor do Santuário Santo Antônio do Valongo, e Johannes Luyten

 Alípio Negrão França, amigo e vizinho

Comunidade galega representada com Marcia Dieguez e o maridão Luiz

 Thays Oliveira Neves e Mestre Elias Oliveira Neves. Santiago espera vocês!

Peregrinas de Campinas, Rosana Fantini e Regina Urbano – a nº 1 no financiamento coletivo que viabilizou “Passos do Amor”!

Lindalva e Ângelo José da Costa Filho, secretário de Infraestrutura e Edificações da Prefeitura de Santos

Luis Carlos Jardim e Família

O reitor, frei André Becker, Valdelice e André Soares, grandes colaboradores das atividades do Santuário

Escritor Paulo Mauá, criador do Circo Panapaná

 Bicigrina Walkíria Brunetto e filho

Dr. Gerson Aranha, com esposa Rosemary Rot Dias e o filho Guilherme Dias Aranha, frei André Becker e dr. Lamartine Lélio Busnardo

Com dr. Lamartine Lélio Busnardo, vice-presidente da Casa da Esperança de Santos: trazendo também o abraço do amigo Roberto Luiz Barroso, presidente da entidade, que está em viagem...

Todo Poderoso no altar mor do Santuário Santo Antônio do Valongo!

Sandra Netto esclarecendo dúvidas sobre as fotos da exposição “Pedras do Caminho”, com imagens das minhas peregrinações pelo Caminho de Santiago – que permanece no Santuário Santo Antônio do Valongo, de terça-feira a domingo

Com os queridos afilhados Tatiana Puline e Matheus, e sobrinhas Andréia e Adriana Puline

 Amantes da fotografia, Priscilla Novaes e Fernando Alonso

Arnak, a cadela do padrinho Glauco de Lima Guedes, e frei André Becker

 Frei André Becker abençoando criaturas... Viva Francisco!

 Jornalista Ercília Feitosa Pouças, o filhão Jê, dono de uma bela voz, e amigo

 Frei André Becker com os bicigrinos dra. Ana Beatriz Soares e Ariomar Ferreira

Luiz Carlos Delgado e Kathia Cristina O. da Silva: garimpando informações para futura peregrinação. Desde já, Buen Camino!

 Alex Sandro Simão: espírito franciscano, grande colaborador da Ofs Valongo. Paz e Bem!

Presença de todos os irmãos na missa do Dia de São Francisco...

 Frei André Becker, ao final de um dia com muitas bênçãos às criaturas, com o casal peregrino, professor Lamartine e Mareli Pires: junto a belas imagens de Francisco e Cruz de São Damião

Convite a “Passos do Amor”...

Trecho do Programa Pedro Alcântara: convite a "Passos do Amor"

Em 14 de setembro fui entrevistado no Programa Pedro Alcântara, no canal VTV – SBT do Litoral Paulista (e em horário alternativo e também na Santa Cecília TV...), para falar sobre a trilogia “Pedras do Caminho”, e destacar, naturalmente, o lançamento de “Passos do Amor – A peregrinação de Francisco, de Assis a Santiago de Compostela”.
No vídeo editado, acima, confira o convite.
A entrevista completa está em https://www.youtube.com/watch?v=LsrRZ3J_ddQ
Ela foi exibida nas duas emissoras citadas e em diversos horários:
VTV - SBT (Litoral - 46 UHF e 19 NET l Interior - 29 UHF e 16 NET): na quinta-feira (17/09), às 11h50, e domingo (20/09), às 10h30; e na SANTA CECÍLIA TV (13 Net): na sexta-feira (18/09), terça-feira (22/09) e quarta-feira (23/09), à 00h30 e sábado (19/09), às 17 horas.
Aproveito este post para mais uma vez agradecer às pessoas que acreditaram na publicação do livro e ajudaram a viabilizá-lo, participando do processo de financiamento coletivo: Regina Urbano, Renato Carneiro, Flávio Darin Buongermino, Marcia Lippe De Camillo, Waldir Camara, Paulo Mauá, Juliana Coimbra Ferraz, Elan Yakovee, Aciole Junior, Luiz Carlos Bezerra, Giovanni Berno, José Roberto da Costa, Elizabeth Costa Gonçalves, Elmo Liberato da Costa, Roberto Barroso, Roberto Barroso Filho, Marco Antonio Tadeu Deniz Sanches, Walter Núñez Martínez, Marcos M M Silveira, Rosa Maria Moura Neves, Marques Amgf, Marinho Surf, Fausto Norberto Ferreira, Maria Cecília Arruda Ferraz, Arlene Padrão, Claudia Costa, Neusa Fabio Antonio Boturão Ventriglia, Fabiana Monti Audero, Paulo VC Siqueira, Carlos Galli, Edson Gusmao, Sandra L. Netto, Inez Justo, Oswaldo Salgado Junior, Ana Maria Carvalho, Paulo Moriassu Hijo, Grasiela de Almeida, Carmen Vázquez Nolasco, Carmen Elidia Salci, Vergília Aparecida Pedroso Rodrigues, Nelson Tucci, Lidiel Scherrer, Edison Carpentieri, Marcina Vieira, Eduardo Filetti Parteum, Braz Antunes Mattos, Le Ayres, Lis Elisete Gonçalves, John Wolthers, Mareli Sanchez, Marcelo Mathias, Miguel Fonseca de Jesus Filho, Maria José de Lourdes Donzalisky Fonseca, Dimas Lima Cabral da Silva, Lúcia Maria Fernandes Simões, Isabel Carvalhaes, Ercilia Feitosa, Pedro Monteiro, Maria Helena Domingues, Clinete Lacativa, Ronaldo Araújo, Pablo Anjel Sanchez Castro, Leda Maria Fonseca, Mary Carmen Novoa Durante, Juscelino Netto, Ariomar Ferreira, Leda Mendes Mondin, João Bosco, Maria Neves Feitosa Campos. A todos, muito obrigado y Buen Camino!

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#pedrasdocaminho

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Qual teria sido o itinerário de Francisco?

Capa do jornal Perspectiva: Passos de Francisco 

Reportagem nas páginas centrais: afinal, qual teria sido o itinerário de Francisco?

Leia a íntegra da reportagem publicada na edição
de setembro do jornal Perspectiva.
Buen Camino!

Surpreendendo a cada novo livro sobre os mistérios do Caminho de Santiago, na Espanha, em “Passos do Amor – A peregrinação de Francisco, de Assis a Santiago de Compostela” o jornalista Luiz Carlos Ferraz, editor do jornal Perspectiva, inova e, em vez de relatar mais uma de suas peregrinações pelos Caminhos de Santiago, ele revela a peregrinação de São Francisco, realizada há 800 anos, entre 1213 e 1215. Na escassez de documentos sobre a odisseia do poverello ao longo dos 2.500 quilômetros que separam (ou unem) as duas cidades santificadas, Ferraz recorre à tradição para compor a obra, refletindo sobre qual teria sido o itinerário de Francisco, adicionando recursos improváveis na Idade Média e, naturalmente, temperando com o conhecimento adquirido ao longo de suas cinco peregrinações a Santiago, que somam cerca de 2.000 quilômetros a pé! (*)
O resultado dessas pesquisas está em “Passos do Amor”, que será lançado nas comemorações do Dia de São Francisco, em 4 de outubro, no Santuário Santo Antônio do Valongo, no Centro Histórico de Santos. O encontro será a partir das 10 horas – e se prolongará até às 16 horas, em meio a atividades programadas pelo Santuário em parceria com a Prefeitura –, quando o autor recepcionará seus amigos, os amigos de Francisco, de Santiago..., conversará sobre o Caminho e também estará expondo fotos de “Pedras do Caminho”, sobre suas peregrinações e que resultaram em quatro livros sobre o tema.
A peregrinação de Francisco a Santiago de Compostela é revelada no Capítulo 4 do Fioretti di San Francesco:
– No princípio e fundação da Ordem, quando os frades eram poucos e ainda não tinham tomado os lugares, São Francisco, por sua devoção, foi a Santiago da Galícia...
O Fioretti, ou Florilégio de São Francisco, são relatos conhecidos desde a Idade Média, traduzidos do latim para o italiano, possivelmente por um frei da Toscana. Eles derivam do livro Actus beati Francisci et sociorum eius, ou “Feitos de São Francisco e de seus companheiros”, escrito entre os anos 1331 e 1337 por Frei Hugolino de Montegiorgio, também chamado Frei Hugolino de Santa Maria.
Ao se aceitar esta tradição, Francisco (5 de julho de 1182 - 3 de outubro de 1226), com cerca de 32 anos, peregrinou de Assis a Santiago de Compostela, não só para celebrar as relíquias do Apóstolo de Jesus, Santiago, mas também para anunciar o encontro com o Papa Inocêncio III, ocorrido em 23 de abril de 1209, quando o Sumo Pontífice o autorizou a prosseguir com sua fraternidade, apoiando Francisco em sua disposição de “reconstruir a Igreja” por meio de seu estilo de evangelizar.
Na busca por resgatar os passos de Francisco, o maior desafio do jornalista foi definir o itinerário de Assis a Santiago de Compostela – especialmente nos trechos de Itália e França, considerando que na Espanha é forte a tradição sobre a presença de Francisco –, o que foi feito com a ajuda da internet, ao indicar o litoral do Mar Mediterrâneo como a rota mais segura. Com base nesta sugestão e nas pesquisas realizadas com fontes franciscanas – com grande colaboração do frei Juan Natalio Saludes Martinez, da Ordem dos Frades Menores (OFM) de A Coruña, na Galícia, Ferraz criou um Caminho inédito. Inédito e, ao mesmo tempo, muito semelhante com o itinerário que conheceria algum tempo depois, quando, ao final da viagem, teve acesso à exposição “Peregrino e novo apóstolo – San Francisco no Camiño de Santiago”, no Colexio de Fonseca, em Santiago de Compostela, numa realização da Xunta da Galícia em parceria com o Gobierno da España, o Fondo Europeu de Desenvolvimento Rexional, a Província Franciscana de Santiago, o Fegamp e a USC.
Realizada no âmbito das comemorações do 8º centenário da peregrinação, a mostra incluiu o livro “Pellegrino e nuovo apostolo, San Francesco nel Cammino di Santiago” (Xunta da Galícia, 2014), onde consta um mapa sugerindo a rota de Francisco, sem precisar, contudo, a fonte dos estudos. Uma rota muito semelhante como a elaborada pelo jornalista. Entre os textos da publicação, Ferraz destaca artigo de Paolo Caucci von Saucken, do Centro Italiano di Studi Compostellani, que se refere ao plano da Confraternita di San Jacopo di Compostella, da Itália, de peregrinar de Assis a Santiago de Compostela – o que, conforme apurou posteriormente, foi feito, mas não por uma pessoa ao longo dos 2.500 quilômetros (como realizado por Francisco!), mas na forma de um revezamento, em grupos de várias pessoas.
Segundo Ferraz, a peregrinação total de Assis a Santiago de Compostela continuaria inédita, ou, pelo menos, ele diz não ter conhecimento de que alguém a teria realizado, como fez o poverello. Também no seu caso, em vez de realizá-la a pé, idealizou um percurso para ser atravessado em 14 etapas, utilizando trem, ônibus e carro.
Assim é que, na Primavera do ano passado, para celebrar o 8º centenário da famosa peregrinação (amplamente comemorada na Espanha e Itália), o jornalista viajou para a Itália com a esposa, a jornalista Sandra Netto, aproveitando a oportunidade para também festejarem os 30 anos de união do casal. Com essa disposição, juntos percorreram cidades, vilas, pueblos, na Itália, França e Espanha, conversando com moradores, religiosos, ouvindo a tradição viva sobre a peregrinação de Francisco.
A viagem foi feita ao ritmo de uma verdadeira peregrinação, ou seja, permanecendo um dia, uma noite, em cada cidade, ou pueblo, pesquisando, fotografando, conversando sobre Francisco, e retomando o Caminho na manhã seguinte – com exceção do grandioso Santuário de Lourdes, onde o casal ficou duas noites e comemorou o amor: afinal, Luiz e Sandra lá estavam em 12 de junho!
A primeira etapa neste novo Caminho de Francisco foi de Assis a Chiusi Della Verna, um trecho de 114 quilômetros – onde está localizado o Santuário do Monte Alverne, pertencente à OFM, e, segundo a tradição, Francisco recebeu os estigmas, as chagas de Jesus em seu corpo, em 17 de setembro de 1224. De Chiusi Della Verna o casal seguiu para Livorno, 205 quilômetros; depois, Livorno a Gênova, 177 quilômetros; Gênova a Mônaco, 182 quilômetros; Mônaco a Marselha, na França, 228 quilômetros; Marselha a Toulouse – o trecho mais longo da travessia –, 403 quilômetros; Toulouse a Lourdes, 173 quilômetros. Após duas noites em Lourdes, Jaca, na Espanha, 128 quilômetros; Jaca a Undués de Lerda (passando pelo Monastério de San Juan de la Peña), 118 quilômetros; Undués de Lerda a Puente la Reina (passando por Javier, Sangüesa, Rocaforte, Ermida de Eunate e Obanos), 67 quilômetros; Puente la Reina a Burgos (por Santo Domingo de la Calzada), 177 quilômetros; Burgos a León (por Castrojeriz), 177 quilômetros; León a O Cebreiro (passando por Villafranca del Bierzo), 157 quilômetros; O Cebreiro a Santiago (por Samos), 161 quilômetros. Ao final, com base nas quilometragens informadas pelo site de buscas Google, foram percorridos 2.467 quilômetros. 

(*) Em 2009, Caminho Francês, 800 km em 29 etapas; 2010, Caminho Português, 240 km em 10 etapas; 2012, Caminho Aragonês, 180 km em sete etapas; 2013, Caminho Sanabrês, 420 km em 16 etapas; e junho passado, Caminho Primitivo, 320 km em 13 etapas.

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